sábado, 6 de fevereiro de 2010

- É, talvez eu escreva algo.
- E falar sobre o que?
- Sei lá... amor talvez?
- Amor? Você falar de amor? O que sabe sobre isso?
- Sei nada... o mesmo tanto que todos...
- Não meu amigo... você sabe menos que o nada! Não é amado nem por aquela que devia amá-lo de graça!
- ...
- Desculpe... me exaltei.
- Não, não se desculpe. De verdade, nenhuma verdade me afeta mais. Sois justos. Nada sei sobre o amor.
- ...
- E então?
- Então o que?
- E você?
- Eu?
- É... o que sabes sobre o amor?
- Sei apenas o que todo mundo sabe!
- É o que é?
- O amor meu amigo, é um sentimento grande de mais para caber em uma palavra.
- E é possível amar mais que uma pessoa?
- Claro! Mas apenas raríssimas pessoas conseguem isso.
- ....
- ....
Olhos no olhos...
- Você não me disse nada de novo.
- Eu sei.
- ... ( uff...)
- Olha... não sei o que dizer...
- Comece me explicando como sabe que eu não conheço o amor.
- Não é que você não conheça... todos conhecem.... você só... esqueceu! Isso... essa é a palavra... esqueceu.!
- Como assim?
- Vejo isso nos seus olhos... é como se uma sombra estivesse encobrindo a sua visão... mas não é sua visão que ela cobre... e a sua sensação sobre oque vê, entende?
- Realmente não...
- Deixa eu tentar explicar de outro jeito...
- Por favor...
- Lembra, quando você era uma criança e ficou doente, e sentia febre, dor de cabeça... e então veio alguém, sua mãe, sua irmã, sua vó... e ela te deu um leite quente, fez uma cafuné e cantou para você?
- Minha vó... digo... lembro... acho que lembro...
- Então... lembra daquela sensação... da dor deixar de existir, é você ate gostar de estar doente naquele momento? Por um segundo, você ali deitado, completamente entregue, confiante, tendo uma conexão com outro ser humano?
- É... realmente era uma sensação boa...
- Tenho certeza que sim... e houveram outras vezes...
- Houveram?
- Claro! Muitas e muitas!
- E porque eu não lembro?
- Porque você não lembra?
- ...
- ...
- Houve aquela vez...
- Que vez?
- 3º serie... você entra na sala de aula no seu primeiro dia na escola...uma pequena coisinha branca e magra, olhos azuis... seus olhos se encontram....
- Eu lembro...
- Kkkk Seu estomago revirou, você ficou vermelho...
- Ridículo...
- Porque?
- Porque não era nada... acontecia todo ano com uma pessoa diferente...
- E por isso não era de verdade?
- E ela?
- Quem?
- Você sabe de quem estou falando. Ela.
- Hum...
- Porque não fala sobre ela?
- Hum... porque... aaahhh... porque... sei la...
- Sei la?
- Não da. Ta bom? Simplesmente não da.
- Você tem uma faca enfiada em você.
- Como?
- Por isso esse olhar de animal ferido.
- ...
- Se você não tirar essa faca, ira sangrar e sangrar e sangrar, até secar e morrer.
- ...
- Que cara é essa?
- Você é sinistro!
- Não, você é sinistro, porque eu sou você.
Olhos nos olhos
- Eu não quero mais falar com você cara.
- Não precisa. Pode ir embora.
- Você está me mandando embora?
- Não disse isso!
- Você disse que eu devia ir embora!
- Não disse isso. Eu disse que você podia ir embora. Não quero que você vá embora.
- ...
- ...
- Porque?
- Porque o que?
- Porque voce não quer que eu va embora?
- Porque, porque, porque.... você sempre é assim? Não pode simplesmente aceitar as coisas nunca como elas são? Acha que as pessoas precisam de motivos para gostar de você? Não posso simplesmente gostar da sua companhia?
- Sou um chato.
- Isso sim é verdade... mas ao menos você tem a capacidade de rir de si mesmo, o que já é muito. Mas não faz você menos chato.
- Ei!
- O que?
- Isso é o amor?
- Não, isso é uma conversa.
- Como sabe?
- Você sente vontade de descansar sua cabeça no meu ombro? Um cafuné talvez?
- Hum... não obrigado...
- Você esta excitado?
- Não! Claro que não!
- Então não é amor.
- Tem certeza?
- Claro!
- ...
- Há!!! Perai... perai...
- O que?
- Lembrei de uma lenda antiga, que fala sobre o amor.
- Legal...
- Você sentiu alguma espécie de contentamento infinito transfigurado em sentimento de beatitube?
- O que?
- Alguma coisa como... se você tivesse bebido toda a bebida que bebeu na vida em uma dia... misturado tudo com LSD, cocaína, maconha, êxtase, MDMA ao mesmo tempo que atinge um orgasmo mais potente com a utilização de posições de yoga tendo simultaneamente colheres e mais colheres de sorvete de flocos com cobertura de chocolate sendo derramadas na sua boca como o néctar divino?
- ..... que?
- Pela sua cara acho que não...
- Hãm... não!
- Então com certeza não é mesmo amor que você sentiu agora...
- Seria tedio?
- Eu não sei...
- Quer fazer alguma coisa?
- Tipo o que?
- Sei lá...
- Hum...
- Fumar outro enquanto decidimos?
- Voce aperta do seu agora!
- Claro...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Essa semana de tanto sem escrever quase pirei... tanta coisa...
Em um momento parecia que ia explodir... e se tinha uma folha e uma caneta a vista logo estava rabiscando, mesmo que coisas desconexas!!!
Eu estou sempre tão cheio de verdades e mentiras, que uma hora isso tem que ir para algum lugar!
Eu cresci ouvindo de todos o quanto eu era inteligente, mas nunca fiz algo que me fizesse realmente crer que de fato, essa inteligência que tenho possui algum valor. Espero ainda conseguir, ao menos me convencer.
Minha mãe me amamentou por quase um ano, e hoje em dia nos não nos suportamos. Na verdade, o fato de nós não nos falarmos cria mais constrangimento para todos a nossa volta do que para nós mesmos. A não ser quando temos que explicar isso a alguém.
Eu gostaria de só ter amigos. Gostaria de confiar nas pessoas mais facilmente.
As vezes o melhor momento do dia para mim é quando esta tudo quieto, nenhuma alma viva. Sem tv ou radio... Sem celular tocando. Detesto quando celular toca nessas horas... quando estou lendo, meditando, cagando, pensando, jogando...
Ta... celular é muito bom quando é aquela ligação que você esta esperando. É só.
Eu não como carne. E eu me convenci sinceramente que peixe não é carne. Nem camarão, lula, polvo... com certeza nada disso é carne.
Eu pego no pé de todo mundo, por tudo. E algumas pessoas me amam por isso. Outras me odeiam. Suspeito que mais me odeiam a cada dia. Especialmente por isso.
Acho que se tiver que escolher algo para mudar seria isso!!
Parar de pegar no pé das pessoas, simplesmente. Não dar palpites, não sugerir, não me meter. Simplesmente aceitar as coisas como elas são! Aceitar as pessoas como elas são!
Não... perai...
Se for só uma coisa que posso mudar, acho que prefiro parar de pegar no meu pé. E aceitar a vida como ela é. Me aceitar como sou. Seria tudo tão mais fácil...
Eu tenho muito medo.
As vezes não é nem medo de nada, só medo.
As vezes é medo das pessoas, medo de mim.
Medo de ficar sozinho.
Medo de muita gente.
Medo de não ser bom o bastante para não sei o que.
Tenho medo que a vida seja só como me contaram, e que tudo que passa na minha cabeça... todos os sonhos, planos, fantasias... sejam só isso.
Que não exista mágica.
Que eu me perca e não volte para casa.
Que eu nunca vá embora de casa...
Tenho medo de amar alguém.
Às vezes sonho que o apocalipse chegou, mas as coisas não ficaram tão ruins...
Sobraram todos os pássaros e todas as pessoas legais.
Não muitas, é verdade. E você tem que andar um bocado ate a casa delas. Mas elas estão lá!
Logo depois das arvores, dos pássaros selvagens, das cachoeiras e flores...
E silencio...
Sabe aquele silencio? Quando duas almas que se amam se encontram? E tudo para? Nem os pássaros cantam mais... Tudo para...
Não sei...
Não peço mais isso a Deus, nem ao Universo... já fiz isso e me arrependi...
Porque não quero mais ouvir esse silencio, e vê-lo acabar.
Então para sobreviver, simplesmente acendo mais um cigarro, escrevo mais umas palavras...
Deixo transbordar para não explodir...

O coração sua,
Torrando em umidade e solidão
A voz fica presa na garganta, falha...
Sai em pequenas ondas tremulas,
Meio com dó de mim mesmo,
Como trapos voando ao vento,
Que ninguém vê...
Assim ficou a alma...

Minha casa que nunca foi minha,
Apenas descansei a cabeça em qualquer ombro que estivesse ali,
Sem nunca perguntar o preço,
Ou sobre os juros...
Agora pago o dividendo justo,
Sobre a pouca humanidade que me restou,
O pouco amor que sobrou,
Como raspas no fundo da panela vazia...

De resto, só eu...
Um resto do que nunca foi, só em sonhos de um lunático esperançoso,
E a devassidão, é claro!
Sempre a devassidão, anestesiando,
Dessensibilizando meu coração!
Porque aqui, nesse lugar,
Não há mais cartas de amor,
De cartas só espere receber as cobranças habituais
E alguns e-mails pornográficos.

Há muitas tramas, sem duvida,
Muitos e muitos jogos.
Mas não há:
Olhos nos olhos!
Há muitos segredos e intrigas,
Muita devassidão e calor,
Mas nunca, nunca...
Olhos nos olhos!
...
A não ser por alguns poucos segundos!
Pois mais que isso pode desabar tudo...

domingo, 31 de janeiro de 2010

Fuga da luz

O Sol,
A luz,
Que brilha, aquece, cega...
Tanto precisamos,
Queremos,
Amamos,
Tememos...
Com coragem enfretamos tantas coisas ruins...
As boas...
As boas...
As terrivelmente, incrivelmente, magicamente,
Boas,
Capazes de nos congelar por um segundo,
Com seu calor...
Dessas fugimos!
Prendemos a respiração e corremos!
Afinal,
Sempre preferimos nos abandonar,
A sermos abandonados,
E como velos ratos cegos e medrosos,
Corremos em encontro a segurança da escuridão.